segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Delicadeza de um elefante



*Por Paulinha do Notas de rodapé

“Esta história não aconteceu comigo e sim com uma amiga minha. Ela estava a caminho do trabalho, naquele horário gostoso para pegar ônibus. Em um determinado ponto, algumas pessoas pediram para descer pela porta frente . Aí ficou aquela confusão: passa bilhete único para cá, gira a catraca para lá e o cobrador foi informando o motorista quem desceria:

- Vai descer uma senhora idosa!

Mais confusão.

- Vai descer uma grávida e uma idosa obesa – disse o cobrador com a delicadeza de um elefante.

Coitadinha da velhinha. Ficou super sem graça, uma vez todo mundo começou a olhar para ela e a reparar nos quilinhos a mais que habitavam seu corpinho experiente.

Tá certo, ela era gordinha. Mas acho que o cobrador poderia  ter omitido a parte obesa da história. Evitaria constrangimentos, né não?"

 *imagem blog Diário de uma Plus-Size




quinta-feira, 17 de novembro de 2011

O cobrador e a babona


Acabei de lembrar de uma história bem engraçada e também bem constrangedora (como a maioria das cenas que se passam em um busão). Aconteceu com uma amiga, a Carla. Ops! Podia falar o nome? rs

Certo dia, logo pela manhã, Carla (muito brava) me chama no msn para me contar o que aconteceu no ônibus enquanto ia para o trabalho:

"Entrei no busão e, como muitos ônibus da zona sul, já estava cheio. O único lugar que estava vazio era o banco ao lado do cobrador. Bom, quando isso acontece quer dizer que ele pode conversar com você. A VIAGEM INTEIRA. E a minha não era curta, demorava mais de 1 hora. Mas ok, estava sentada e era isso que importava. Mas vou dizer que eu também não me importaria de ficar quietinha, encolhidinha no banco tirando um cochilho já que ainda era 7h da matina. E, como muitos dos meus colegas de buso, eu ainda estava dormindo.

Mas 'bendita' é a pessoa que senta perto do cobrador. Se você tiver sorte (ou azar, como preferir), terá um companheiro para dividir as emoções do transporte público de São Paulo. Eis que o cobrador começa a conversar comigo.

- Oi, tudo bem? Tá indo pro trabalho?

Essa hora eu já estava encostando minha cabeça na janela...

- Sim, estou.

- Trânsito, né?

- É, sempre.

- Onde você trabalha?

Pronto. Sinal de que ele quer mesmo conversar. Às SETE da manhã.

- Na Barra Funda.

- Nossa, que longe!

- É...

Nessa resposta, eu estava me ajeitando de novo no banco pra ver se ele percebia que eu não queria conversar, que eu queria apenas dormir.

- Será que vai chover hoje?

- Não sei.

- Está parecendo...

Interrompi!

- Moço, você me dá licença que eu vou dormir, tá? (imaginem um sorrisinho irônico no rosto)

Ele ficou me olhando...

- Ah, tudo bem, pode dormir.

Ah, falei mesmo! Não lembro que dia era, mas pelo meu humor acho que era uma segunda-feira.

Bom, agradeci e dormi. Dormi tanto que só acordei perto de descer. E assim que me recompus do sono, o cobrador vira pra mim e fala:

- Acordoooouuu! (oi?)

- É, e já vou descer... (quase fugindo)

- Ah, mas eu quero te mostrar uma coisa antes. Olha aqui meu celular... EU FILMEI VOCÊ DORMINDOOO!! Achei FOFO você quase babando e resolvi filmar pra te mostrar depois... olha!

Fiquei estática! Olhei pra ele sem acreditar no que estava acontecendo. Fiquei sem reação e saí disparada.

COMO ASSIM O COBRADOR ME FILMA DORMINDO NO BUSÃO? Fiquei com muita, muita raiva"



Quando a Carla me contou isso, CHOREI de rir. Que coisa mais bizarra, nem um simples cochilo dá pra tirar... Dó! hahahaha





*imagem Os Blogueteros

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Cenas de Busão no Metrô News

Hoje nosso querido Cenas de Busão estreia como blog integrante da página eletrônica do Metrô News, que circula diariamente entre mais de 3,8 milhões de usuários do metrô de São Paulo.


Estamos muito felizes com a possibilidade de novos e assíduos leitores, cheios de histórias bacanas para compartilhar conosco!



Mande a sua para a gente: cenasdebusao@gmail.com



segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Motorista Torcedor




*Por Gloria Coelho


“Além das bocas de sino e cabelos que desafiavam a gravidade, os anos 70 foram marcados também pela precariedade do transporte público, ainda mais em Salvador, cidade que eu estava morando provisoriamente com minha família.

O pouco dinheiro impedia a compra de um carro. Então, eu encarava as viagens de ônibus – muito piores do que o que a gente enfrenta hoje em dia.  Os passageiros podiam escutar radinhos e fumar. Então, além de tentar desviar de um ou outro homem mais safado, a gente tinha também que impedir que a roupa ficasse cheia de buracos por conta dos fumantes que habitavam o ônibus.

Outra coisa que era impressionante na época: as pessoas entravam no ônibus por qualquer lugar , inclusive pelas janelas. E para guardar lugar, valia arremessar a sacola que estivesse a mão em algum assento livre. Uma loucura!

Certo dia, estava voltando para casa depois de um dia exaustivo de trabalho. O trajeto demorava mais ou menos uns 40 minutos. De repente, o motorista desviou do caminho habitual do ônibus, parou em frente ao estádio da Fonte Nova e desceu. 

Você acha que o ônibus quebrou? Não! O motorista ia ter uma folguinha e resolveu comprar ingressos para o clássico Bahia x Vitória que ia acontecer no final de semana!!!!!”

domingo, 28 de agosto de 2011

O negócio é descer antes

*por Danilo Fernandes

“Quando eu era adolescente, passei por diversos apuros dentro do ônibus. Não sei o que acontece, mas os homens são muito mais visados por ladrões e eu não era diferente. Fui assaltado tantas vezes que fiquei muito mais desconfiado quando qualquer conversinha afiada chegava aos meus ouvidos.

Uma vez, voltando do colégio com um amigo, subiu um menino no ônibus que, aparentemente, estava a fim de assaltar o cobrador. Enrolou, enrolou e no final, decidiu que eu e meu amigo éramos um alvo mais fácil. Pediu dinheiro. Eu, estudante duro, disse que não tinha. Ele insistiu e eu resolvi abrir a carteira para confirmar a pobreza. Pronto! Ele quis minha carteira.

O ponto do meu amigo chegou e ele tinha de descer. Eu é que não ia ficar ali, com um ladrãozinho de meia tigela querendo levar minha carteira vazia. Desci bem antes do meu ponto! Não fui assaltado e ganhei uns músculos a mais na pernada que eu tive que dar até chegar em casa.

Num outro dia, eu estava sentado no ônibus, admirando meu super relógio Street Yankee Street (todo mundo queria um desses na época!! rs). Um cara sentou do meu lado. Ficou alternando olhares pra mim e pro meu relógio durante um tempo até que resolveu agir. Bateu no visor do meu relógio e soltou: “Amigo, que horas são?”

Pronto! Perdi o relógio, pensei. Respondi o horário e o cara veio com uma conversinha de que estava atrasado para pegar a namorada. Mas, por via das dúvidas, resolvi descer bem antes de casa de novo. Podem pensar que eu sou medroso, mas saltar do busão antes do ponto me salvou de ficar sem minha carteira vazia ou de perder meu super relógio descolado”

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Amor, vou cuidar de você

Quem me contou essa história foi uma amiga, a Nadine Suzuki, que presenciou a cena. Esse é o tipo de caso que você espera tudo, menos o que você nunca imaginaria!

No metrô, um casal conversa:

- Amor, você precisa se cuidar, está trabalhando demais...

- Eu sei, querida, mas está muito corrido...

- Você não está se alimentando direito, só come besteira... está ficando doente, abatido.

- Tá difícil, mas vou prestar mais atenção nisso.

- Olha, vou cuidar de você! Quando chegar em casa, vou preparar alguma coisa, vai se sentir melhor... vou fazer um MIOJO, tá?



Nadine, claro, caiu na risada e teve que mudar de lugar.


*imagem culturamix.com

terça-feira, 3 de maio de 2011

Vaca

Hoje, uma história muito constrangedora...

Certa vez, indo pra casa depois de passar no shopping, peguei um ônibus que sempre está lotado, não importa o caminho que ele faça. Você já deve ter andado nele ou viu alguém desesperado correndo atrás: Terminal Capelinha. Entrei, me ajeitei e fiquei em frente a uma moça que estava sentada e que, gentilmente, pediu para segurar minha bolsa e sacolas. Mas, para entender melhor a vergonha que passei, preciso contar o que aconteceu uns dias antes.

Estava mexendo no meu celular, fuçando algumas funções e resolvi colocar foto em alguns dos contatos, um deles foi o do meu pai. Quando ele me ligasse, fotinho dele na tela. Até aí, ok. O que eu não sabia é que o toque da chamada dele também havia mudado... E eu só descobri isso no busão.

Voltando à cena, estava em pé, no sufoco diário do coletivo, quando um som estranho começa bem baixo... Ainda não tinha identificado que tipo era, mas não era um simples toque de celular. Aos poucos ele ficava mais alto até que descobrimos (sim, eu e o busão inteiro): som de VACA mugindo! HAHAHAHAHA. As pessoas começaram a se olhar não acreditando naquilo. Comecei a rir, me perguntando quem teve coragem de colocar um som de vaca como toque de celular. Daí, o inesperado! A mulher me cutuca e diz: “Moça, seu celular está vibrando!” Sim, o celular com toque de VACA era MEU!

MMÚÚÚÚÚÚÚÚ... Meu pai me ligando!









Fiquei vermelha de vergonha. Peguei o celular e minhas coisas e desci do busão. Não podia ficar ali nem mais um segundo.


*Pai, te amo (hahahaha)


segunda-feira, 28 de março de 2011

Linha verde sofre com superlotação

Rapidinhas

Saiu no jornal O Estado de São Paulo ontem: A última linha de metrô de São Paulo que ainda transportava seus passageiros de maneira decente sofre agora com a superlotação. Segundo a reportagem, a Linha 2- Verde já tem 6,5 passageiros de pé por metro quadrado em horário de pico, superando o nível máximo de desconforto adotado internacionalmente, de 6. A Linha 3 - Vermelha já apresenta, em alguns momentos, demanda superior a 10 pessoas por metro quadrado. Sardinha em lata mesmo.
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Foi inaugurada hoje a Estação Butantã, da Linha 4 - Amarela. A nova estação está localizada na Avenida Vital Brasil, esquina com a Rua Pirajussara, na zona oeste da capital paulista e funcionará, inicialmente, das 8 às 15 horas, de segunda a sexta-feira, incluindo feriados.
O metrô informa que o horário de funcionamento das estações da Linha 4 - Amarela deverão ser ampliados após a abertura da estação Pinheiros, prevista para ocorrer ainda este semestre.

sexta-feira, 25 de março de 2011

A borracha. Ou a chupeta.

Saí do trabalho para ir a uma consulta e a minha única alternativa era pegar um ônibus. Ainda no ponto, estava quase dormindo em pé, tamanho meu sono! Por sorte, o busão estava vazio e acabei sentando na frente mesmo. Cochilei naquelas ‘cadeirinhas solitárias’, sabe? Infelizmente, encostei a cabeça meio de lado no vidro (onde SEMPRE tem uma mancha de óleo de alguém que não lava o cabelo).

Agora, imaginem a cena: Como todo mundo que dorme no busão, acabei abrindo a boca. O problema é que tinha presas de vampiro na época (ridículo) e, para aliviar a mordida (disse que estava com muito sono), acomodei minha presa em uma borracha que tinha na bolsa (é, borracha de usar na escola)! Aquilo estava confortável demais, parecia estar dormindo na minha própria cama.

Mas quando acordei, me dei conta de como estava minha boca! Algumas pessoas estavam me olhando com tanto nojo que parecia que eu tinha acabado de comer uma barata... MORRI de vergonha. Fiquei uma semana imaginando qual tinha sido o trajeto daquela borracha que praticamente usei como chupeta.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Pessoas de Busão

Todo mundo que anda de ônibus tem uma história de vida. Às vezes engraçada, triste ou até mesmo encorajadora.
Hoje, damos início à coluna “Pessoas de Busão”. Funcionará assim: vamos escrever o perfil das pessoas que encontramos durante nosso trajeto no transporte público com base no que elas nos contam. Sem perguntas específicas e, por isso, as informações não são precisas. Antes de descer do ônibus/metrô/trem, pedimos autorização para publicar a história. A de hoje é linda!

Jô esperou que os dois filhos crescessem para ir estudar. Há três anos, entrou na faculdade de Direito e acredita que não poderia ser mais apaixonada pela profissão. Ela espera que os dois anos restantes passem bem lentamente, pois quer aproveitar cada momento de aprendizado.
Há pouco tempo, o filho mais novo começou a vomitar esporadicamente. Foi ao médico e fez exames específicos que não deram em nada. Os vômitos começaram a ficar mais freqüentes e ele começou a perder peso. Passaram por dezenas de médicos e Jô já não sabia mais o que fazer.
Um dia, perguntou para um médico se ele poderia solicitar uma ressonância magnética (as opções estavam ficando escassas). No dia do exame, o técnico a chamou de canto e disse que ela precisava correr. Explicou que o emprego dele estaria em risco por conta das informações que lhe passaria, mas sua experiência dizia que era o mais acertado a se fazer. O menino estava com um tumor muito grande no cérebro e corria risco de morte.
Jô, como toda mãe, não teve muito tempo para digerir a notícia. No caminho para casa, aos prantos, foi questionada pelo filho sobre o porquê daquelas lágrimas: Estou preocupada, pois ninguém sabe dizer o que você tem – foi o que ela se limitou a dizer.
O tumor foi confirmado e ele foi internado e operado às pressas. Durante as muitas horas de cirurgia, a médica vinha dizer os estágios da retirada e alertava Jô sobre as possíveis seqüelas: ele pode ficar cego, ele pode não andar ou falar, ele pode perder os movimentos.
Jô ficou forte para dar todo apoio possível para o filho, que ficou um tempo considerável no hospital. A filha mais velha – também estudante de direito – a ajudava em tudo. Fazia comida, mercado e insistia para que a mãe descansasse um pouco da rotina que levava no hospital. Mas Jô não abandonou o posto por nenhum motivo.
O filho ficou com seqüelas e perdeu os movimentos de um lado do corpo. Anda de cadeiras de roda e está reaprendendo a falar. A casa deve de receber adaptações. Mas a família só se fortaleceu.
Mesmo com todos os problemas, o filho de Jô está cursando a universidade e está prestes a conseguir seu primeiro emprego. Como ela conseguiu superar todas essas dificuldades? “Sempre tento ver a vida como a água. Se ela encontra uma pedra, pode ficar parada durante um tempo. Mas ela sempre encontra uma maneira de contorná-la e seguir seu caminho”